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Foto do escritorMichel D Alberti

Casamento, vale a pena?


Por Ramaputra das

Sacerdote, Empresário e Escritor.

Residente na Comunidade Nova Gokula.


Os ensinamentos de um padre para um ateu no filme “Anna Karenina” baseado numa das obras primas de Tolstói tem um momento que chamou muita minha atenção. O ator coadjuvante reluta em casar numa cerimônia cristã alegando não acreditar em Deus. Ele havia perdido os pais e o irmão mais velho o abandonou, ou seja, havia em sua mente uma carga muito grande de frustração que lhe impedia acreditar na possibilidade da construção de uma vida familiar diante de um matrimonio Cristão. Porém, o padre lhe surpreendeu dizendo: “Sim, o casamento pode ser a experiência mais dolorosa de sua vida”. De fato, um jovem ou adulto que tem projetado no coração um casamento ideal, tem de entender que também haverá muita dor porque matrimonio significa morrer e nascer junto com outra pessoa. O padre provocou o jovem dizendo: “Você já pensou nisso? Você não saberá mais onde está o limite entre você e onde está a outra pessoa. Entre o que ela quer e o que você deseja fazer ou ser. O casamento é uma jornada tão incerta, desconfortável e perigosa que se Deus não estiver no centro de suas vidas, eu não desejaria o casamento para ninguém”. Adorei a reflexão humana e realista deste padre que corrobora os ensinamentos dos vedas. Este belo filme “Anna Karenina” é um drama espirituoso focando nas frustrações das relações e salta aos olhos o despreparo emocional dos personagens para enfrentar os desafios na relação conjugal. Na tradição védica da Bhakti Yoga era compulsório o preparo psicológio e intelectual das crianças numa fase conhecida como “Brahmacarya” que correspondia a idade que podia ser dos cinco aos vinte e cinco anos de idade. Nesta fase, os pais se preocupam com a educação dos filhos como um processo de internalização de tendências, informações, práticas diversas e no contexto da tradição dos vedas existe acima de tudo uma ênfase nas crenças culturais e rituais espirituais tradicionais. Neste contexto há valores éticos e morais que preparam o individuo para vida renunciada ou monastica, porém, o ingresso muito maior é para vida familiar, poucos individuos querem a vida monastica. A partir deste treinamento educacional com alicerses sólidos de vida espiritual com bases na teologia da filosofia, no ritual de casamento védico, homem e mulher se entregam numa relação tripla com Krishna ou Deus no centro de suas vidas. O cerimonial de casamento é o rito mais consagrado em todas culturas humanas porque considera-se que a vida em família é o estado natural dos seres humanos, e onde nós temos mais chance de sermos felizes e realizar nossas mais altas aspirações. Isso acontece porque, assim como os seres vivos dependem do ar para respirar, da mesma forma a sociedade depende das famílias para existir. Como nosso padre bem disse, o casamento não deve ser visto como a simples união de dois elementos. Existe uma força que está presente no casamento, que é o terceiro elemento da união. Essa força chama-se dharma, que significa em sânscrito "aquilo que mantém unido".

O dharma é a força que sustenta a ordem natural das coisas que é governado por Deus, aquilo ao que nosmantemos essencialmente fiéis. O dharma ou dever para com a natureza do Divino mantem a união e faz o amor no casamento se espiritualizar, realizar, felicitar, emocionar e em fim, faz a relação conjugal valer a pena.

Se houver interesse neste tema podemos continuar falando sobre o casamento védico.


Hare Krishna! OM TAT SAT!


Respeitadas as previsões legais com base na LGPD e direitos da propriedade intelectual informamos que o texto do colaborador não representa a opinião da Instituição.

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